“A Educação é a base de tudo, e a Cultura a base da Educação”

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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

- Faxinal do Bepe


- A imagem do início da década de 60 mostra um grupo de amigos desbravando o Faxinal do Bepe, no Encano. A família Molinari, chegou à localidade por volta de 1951? (data ainda a ser confirmada). O encontro foi marcante na época, pois o veículo utilizado foi um Jipe, até então pouco comum nessa localidade. (Foto: Arquivo de Adalberto Day) Publicado no Jornal de Santa Catarina em 02 de julho 2008, coluna Almanaque do Vale do Jornalista Sérgio Antonello.
História
- Foi no ano de 1951, que a família Molinari deixou a cidade catarinense de Botuverá para ocupar as terras que adquiriu do governo. O caminho a nova propriedade era – uma trilha de cerca de 30 km rasgando a densa Mata Atlântica. Como se não bastasse o difícil acesso, a baixa fertilidade daquelas terras foi outra dificuldade encontrada pelos Molinari, imigrantes italianos vindos da região do Tirol.
Como a agricultura era pouco promissora, Bepe, o patriarca da família, optou pela pecuária, cuja renda sustentava a família e o pagamento das dívidas com o governo. Produziram muita linguiça para poder pagar os compromissos assumidos. “Em dois anos, pagaram os títulos e se apossaram definitivamente das terras”.. A partir de então, aquele local ficou para sempre batizado de “Faxinal do Bepe”.
Também devemos sempre lembrar do senhor Juca Santos e seus familiares que tanto contribuíram para que este local se preservasse. Lembro do senhor Juca, indo sempre aos fins de semana muitas vezes acompanhado de seus filhos, com seu tradicional Jipe esverdeado. Assim como o senhor Juca Santos, tantos outros personagens fizeram parte desse lindo cantinho de nossa região.
Adendo de Lauro Eduardo Bacca/Ecólogo 30/outubro/2013
Faxinal do Bepe o começo
Um século depois da saga dos primeiros dezessete imigrantes da Colônia Blumenau, outra saga acontecia, em escala bem menor em termos numéricos e espaciais, mas igualmente marcante em termos de aventura do espírito humano, por volta de 1950. Foi quando Giuseppe Molinari, o Bepe, morador de Lageado Baixo, município de Botuverá, passou a trabalhar para João Bianchini, que tinha posse de terras nas cabeceiras do ribeirão Warnow, município de Indaial, acessível por extensas picadas na floresta. “Viemos trabalhar na coivara e não saímos mais”, recorda seu filho mais velho, Ari Molinari, que então acompanhava o pai, aos 12 anos de idade.
Antes disso Giuseppe (José) já faziam incursões pela área, para conhecê-la e para caçar. Foi quando Ari esteve no lugar pela primeira vez, com o pai e o tio Vicentin. À noite, no acampamento montado com folhas e galhos obtidos ali mesmo na mata, o pai mandou que ele fosse buscar água no córrego logo abaixo, mas, “eu não ia, tinha medo”. Pudera. Ninguém morando por perto, selva pura, ruídos estranhos na escuridão, presença não apenas de tudo o que era real, mas, também e principalmente, no imaginário do menino que nessa ocasião tinha apenas oito anos!
Comprada a posse e feito o primeiro rancho com ripas de xaxim, telhado de palha e panela pendurada para o fogo no chão batido, veio a mudança com a família: Bepe e esposa Cléria, ainda na faixa dos 37 – 35 anos e os sete filhos vivos, dos onze que tiveram: Ari, com 14 anos, Davi aos 12, Isair com uns 8 anos, Dolores (6), Martim (5), Marta (2) e Jorge, de apenas 6 meses de idade. Picadão na floresta, por mais de 8 horas, todos a pé e descalços, como descalços viveram até hoje. Só de travessia de córregos, pés nas águas e nas pedras, foram 21 vezes. Cinco cargueiros (mulas) levavam a mudança simples, acomodada nos lombos e em bruacas nas laterais dos animais. Mais um cavalo. Justo a mula que carregava o berço do pequeno Jorge, teve a bruaca trancada numa ponta de taquara que estalou, assustando o animal que corcoveou, quebrando tudo. O bebê, por sorte, ia no colo da mãe. 
Com essa mudança começou, no dia 11 de fevereiro de 1953 ou 1957? a data ainda a confirmar, o quase lendário Faxinal do Bepe, uma espécie de vila familiar de tantas histórias, aventuras, sorrisos e dramas. Passados 60 anos os Bepe se despedem, mas o nome fica. Os visitantes continuarão. Não mais para caçar e destruir como muitos faziam, mas, para apreciar a fauna a ser recuperada e preservada, espera-se, no Parque Nacional da Serra do Itajaí.
Lauro Eduardo Bacca
Jornal de Santa Catarina 28/10/2013 | N° 13023
PRESERVAÇÃO
Foto: Patrick Rodrigues
Adeus ao Faxinal do Bepe
Missa marca despedida (27/10/2013) de Família Molinari de área INDAIAL - A estrada de terra castigada pela chuva de sábado à noite foi obstáculo pequeno diante da persistência para estar na última festa da Família Molinari, no Faxinal do Bepe, ontem de manhã. Pouco antes das 9h, o trecho que liga o Distrito do Garcia à comunidade reservava muito barro e pouca facilidade para os carros pequenos. Até mesmo o padre João Leonardo Hoffmann precisou ser resgatado por jipeiros para chegar à missa marcada para as 10h.
Cinco minutos antes da cerimônia ele estava lá, recepcionado por Isair Molinari, a esposa Teresa e os filhos Angelo e Ana Paula. A missa e a festa marcadas foram símbolos do fechamento da pousada mantida pela família há pelo menos 50 anos. A partir desta semana, os precursores do Faxinal do Bepe começam a sair da comunidade, cuja área será desapropriada para uso do Parque Nacional Serra do Itajaí.
A partir de hoje (28/10/2013), conforme combinado pelos Molinari com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra a unidade ambiental, a pousada não poderá ser mais aberta. Os tradicionais encontros de jipeiros, ciclistas e adoradores da natureza agora só serão permitidos diante de autorização prévia. Apesar de o encontro de ontem ter sido uma despedida, a alegria predominou. Todos que estavam presentes tinham uma história para contar sobre aventuras no Faxinal do Bepe. A maioria começava o assunto pela mesma forma: “venho aqui desde pequeno”.
Dos sete filhos de José Molinari, o criador do faxinal, quatro estavam lá. Com eles, filhos, netos, amigos, conhecidos. Na missa rezada pelo padre João Leonardo, a pequena capela de Bom Jesus de Iguape, construída pela própria família, ficou ainda menor. Do lado de fora, era possível ver pessoas chorando pela despedida.
– Vim de moto no começo do ano pela primeira vez. É uma alegria pra mim ser o escolhido para celebrar este momento – afirmou o padre.
Depois da missa, um churrasco foi servido com alimentos da propriedade dos Molinari. A música da gaita embalou o começo da tarde e ditou os últimos momentos do local que será guardado na memória dos frequentadores:
Ontem à noite (27/10/2013), a Pousada dos Molinari foi fechada pela última vez. A partir da saída da família da propriedade, a Furb deve ocupar o local como base para recuperação do meio ambiente do Faxinal do Bepe. O que os antigos frequentadores, amigos, familiares e os próprios Molinari esperam é que a comunidade continue exibindo a natureza que os atraiu para lá.
ÂNDERSON SILVA

Entenda o caso
- Com a criação do Parque Nacional Serra do Itajaí, em 2004, o plano de manejo da unidade de conservação prevê que as áreas sejam desapropriadas para uso da União.
- As indenizações das aproximadamente 300 propriedades começaram em 2010. Até o momento, apenas nove foram regularizadas.
- Entre elas, estão três irmãos da família Molinari, que criou o Faxinal do Bepe. Ari foi o primeiro a deixar a área. Agora, sairão Isair e Martin. Os dois receberam as indenizações e precisam sair ainda este mês (Outubro/2013).
- Ontem 27/10/2013 eles fizeram a missa de despedida do local. A família vai se mudar.
- O local passou a ser chamado de Faxinal do Bepe em alusão a José Molinari, patriarca da família. Em Italiano, José significa Bepe.

Adendo de Renato Noveletto:
Ola, na verdade a família Molinari  não tem a sua origem no Trento: Leia isto:
Sia Molinari che Molinaro sono panitaliani, anche se Molinaro è più concentrato al sud, Molineri è piemontese del cuneese, di Cuneo, Caraglio, Mondovì e Valgrana, Molinero, sempre piemontese, è però specifico del torinese, di Pinerolo, Avigliana, Scalenghe, Frossasco e Torino, dovrebbero tutti derivare, anche attraverso alterazioni dialettali, da soprannomi basati sul vocabolo tardo latino molinarius (addetto al mulino), probabilmente indicando così quale potesse essere il mestiere dei capostipiti, dei mugnai o dei lavoranti presso un mugnaio.
http://www.cognomiitaliani.org/cognomi/cognomi0011o.htm
Agora, o Carlo Molinari nasceu em 1874 no comune de Bieno,TN e veio para o Brasil ainda criança e a família primeiro foi para Nova Trento e a partir dali alguns foram em direção a Botuverá e outros para o que na época se chamava de linha dos pomeranos  e posteriormente com a chegada dos trentinos que ocuparam as terras mais à frente caminho dos tiroleses.  Esta estrada existe ate hoje pois é uma estrada vicinal ligando Pomerode a Timbó.
De timbó, quando os imigrantes (maioria de venetos) veio para região se fixaram em Ascurra e quando foi a vez de colonizarem o alto vale do Itajaí todos subiram a serra e é por isto que hoje em rio do sul, onde moro ha uma verdadeira confusão de sotaques sendo que o trentino foi preservado devido a atuação forte da região do trento e também porque foi para cá que a grande maioria imigrou. Alguns ficaram em Vitoria, já na primeira viagem que fizeram entre o final de 1874 e inicio de 1875. Posteriormente, ate 1880, outros imigrantes trentinos e venetos vieram se juntar à estes imigrantes e um grupo que veio mais tarde, entre 1882 e 1885 vieram com os imigrantes venetos  e foram parar no Rio Grande do Sul.
Mas o que conta mesmo é o nosso avô ou bisavô. É através dele que a cidadania será obtida.  E se ninguém da sua família deu entrada no pedido de dupla cidadania agora só indo na Itália e entrando com processo judicial junto a corte de assissi, que seria uma espécie de corte de apelação, que trata de assuntos menores, não criminais. A vantagem é que com uma procuração (de cada interessado) todos saem beneficiados em um mesmo processo e se alguém da família já obteve só indo diretamente no comune para apresentar o pedido.


Um abraço
Renato Noveletto
de Rio do Sul, SC
__________ 
Arquivo de Adalberto Day

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

- Vivências e narrativas

Vivências e narrativas de um blumenauense 
Dia 30 de setembro de 2013 recebi a visita do Presidente da Fundação Cultural de Blumenau,  Sr. Sylvio Zimmermann Neto. Veio me presentear com um importante livro (autografado) que relata o início da Colônia Blumenau.
Este livro estará junto ao meu acervo composto por mais de 1000 exemplares. Neste espaço reproduzirei um pequeno histórico do autor Karl Kleine e o texto páginas 83,84,85,86,87.
Após ler o livro, aprendi um pouco mais sobre nossa rica história de nossa querida Blumenau. As dificuldades que cada um que aqui aportaram tiveram que enfrentar, para construir esta rica e pujante cidade, os esforços, amargos dissabores foram muitos.
Agradeço ao Sylvio este privilegio. Conclamo aos blumenauenses adquirir um exemplar para desfrutar dessa genial obra, já que são 342 páginas  seria impossível transcrevê-la toda. 
“Ao amigo Adalberto Day  Na certeza de uma ótima leitura sobre a história de Blumenau”.
Sylvio Zimmermann Neto

Karl Kleine (1849-1922)
Theodor Karl Nikolaus Kleine, conhecido como Karl Kleine, nasceu na Província de Posen, atualmente Poznan – Polônia, em 2 de fevereiro de 1849 e faleceu em 11 de março de 1922. 
Emigrou para o Brasil acompanhado pelos pais e irmãos em 1856 e, após longa viagem, a família chegou à foz do Rio Itajaí, com destino a Blumenau. 
Ainda muito jovem, exerceu a função de emissário do correio, entre Blumenau e Itajaí; aprendiz de jardinagem, em Florianópolis e ajudante na demarcação de terras, no Vale do Itajaí.
Também atuou como trabalhador nas estradas do Paraná, na demarcação de terras no planalto catarinense e exerceu a função de agricultor e professor em Blumenau.
Vivências e Narrativas de um blumenauense

A chegada em Blumenau
Foto: Carl Heinz Rothbarth
{...} Finalmente! Finalmente, aportamos pela última vez! Nossos barcos aportaram próximo à foz do Ribeirão Garcia e o patrão disse:
- Não iremos adiante! Aqui é Blumenau.
A nossa chegada foi muito triste; ninguém nos recepcionou; ninguém apareceu; ninguém se preocupou conosco e, apesar de saberem sobre a nossa chegada, que deveria ser importante para eles, ninguém veio nos cumprimentar. Certamente, um procedimento estranho e incompreensível que abateu nossos ânimos. 
Não havia nada à nossa frente, além de um pedaço de terra desmatado e coberto de capoeira. Subimos pela margem do rio a procura da cidade de Blumenau. Bom Deus! Onde estaria exatamente a cidade? Não esperávamos encontrar uma cidade grande, mas, pelo menos, uma cidadezinha ou uma aldeia. Porém, nada disso! Ali se encontrava uma casa grande e larga, de um andar e meio, com uma sacada na parte frontal e paredes enxaimel preenchidas com barro. A casa, aliás, estava inacabada. Em toda a construção, via-se apenas uma janela de vidro, e, por trás da mesma, encontrava-se o gabinete do diretor. As demais janelas eram de madeira. Essa única casa seria Blumenau? – Oh não! Ali havia mais uma casa, lá outra e, mais adiante, via-se uma fileira de casebres, contudo, nenhuma dessas construções fazia jus à denominação de “casa”, pois eram apenas casebres, ou melhor, barracas construídas de acordo com o costume brasileiro e, em parte, inacabadas.
Esse era o Stadtplatz (centro) de Blumenau, como ainda hoje é denominado pelos colonos, embora tenha sido elevado à categoria de Vila.
Assim, os recém-chegados avistaram Blumenau pela primeira vez. Um olhava para o outro e ninguém ousava perguntar: por acaso isso é Blumenau?

Finalmente, vieram ao nosso encontro, o cônsul Gärtner e seu tio, o diretor, Dr. Blumenau, que trajava apenas camisa e calça, tendo na cabeça um chapéu de palha bem simples, denominado “chapéu de negro”. Calçava tamancos e, trazia pendurado no cinto, um facão.
Nesse “traje regional”, que no inverno era complementado por um jaquetão e um par de sapatos ou botas, vimos Dr. Blumenau andando por lá, durante muitos anos. Ele era alto e magro, e por trás de seus óculos, cintilavam olhos inteligentes Cumprimentou os imigrantes de forma rápida, porém cordial, deixando-os aos cuidados do Consul e de um companheiro de viagem, que havia chegado a Blumenau em companhia do Consul, visto que sua irmã casada vivia aqui há mais tempo.
- Se precisarem de alguma coisa, dirijam-se ao meu sobrinho ou ao Schröder.
Eles já estão a par de tudo. Hoje estou sem tempo, voltarei amanhã – disse o diretor, com seu modo pausado de falar, afastando-se, a seguir com um amável acesso.
- Venham, eu quero lhes mostrar os quartos – comunicou Schröder.
Bem, então havia quartos, algo bastante promissor. Ele nos levou em direção ao Garcia, onde realmente se encontrava o “hotel” com os nossos “quartos”! Que aspecto maravilhoso e promissor: uma edificação longa e estreita com muitas repartições, cujas paredes externas estavam tão lavadas pelas chuvas e danificadas pelas enchentes, que apenas o enxaimel permanecia em pé, e todo o barro de reboco se encontrava no solo, formando uma papa em tempo chuvoso. As paredes internas dessas repartições eram apenas ripas rachadas  de um tipo especial de palmeira, aqui denominada “palmito”, amarradas com cipó (raiz de parasita) em travessões. As ripas estavam jogadas desordenadamente e, em algumas partes, faltavam completamente.
Provavelmente, foram utilizadas como lenha e, ao que tudo indica, as camas do alojamento tiveram o mesmo fim, pois eram feitas do mesmo material. O chão não era assoalhado, nem aplainado. Podia-se contemplar o céu através do telhado, o que todos achavam muito prático, especialmente na época de chuva. Juntando-se a tudo isso ao estrume de alguns bois, que circulavam livremente por ali, podia-se obter uma imagem do rancho de imigrantes, ou como dizia Schröder: “a casa de recepção”. Finalmente, Schröder nos comunicou:
- Pois bem, aqui vocês terão que se acomodar da melhor maneira possível.
Após ter apresentado essa maravilha toda aos recém – chegados, despediu-se e seguiu seu caminho. Os pobres imigrantes realmente não sabiam se deviam rir ou chorar.
Porém, logo se concluiu que não restava alternativa, se não pôr mãos à obra e, vejam, foi mais fácil do que se imaginava! Alguns moradores dos arredores propuseram-se a nos ajudar e, antes de anoitecer, tudo estava acomodado. Naturalmente, faltava muito para que pudéssemos nos instalar confortavelmente, contudo, precisávamos nos conformar com aquilo durante os dias seguintes.
A noite, depois do jantar, todos estavam sentados ao ar livre e um sentimento estranho invadiu cada um – era a primeira noite na nova pátria, era noite de Natal! – Todos recordavam os natais na antiga pátria e, de repente, fez-se um silêncio estranho. De vez em quando se ouvia um som que parecia um soluço.
- Oh pátria! Oh, terra natal! Quão distante estás, e , ao mesmo tempo, tão próxima!
A principio, baixinho e timidamente, a seguir, cada vez mais alto e forte, ouvia-se a canção “Noite Feliz”, que se misturava com canto estridente das cigarras. Ninguém sabia quem havia iniciado, mas todos acompanhavam a pequena canção de rico conteúdo, cujos acordes ecoavam pelo céu estrelado. Era como se um anjo estivesse descido para acalentar todos os corações.
Nessa noite, mais do que durante a viagem inteira, todos se sentiram muito próximos uns dos outros. Ninguém percebeu que já era meia-noite! Passaram-se mais algumas horas entre conversas ora sérias, ora descontraídas, quando meu pai falou:
- Logo devem ser dez horas.
Aproximando o relógio à claridade da fogueira, Goldener respondeu sorrindo:
- Passaram-se quatro horas das dez, e agora são duas horas da madrugada!
Todos se levantaram admirados, apressando-se para chegar aos seus leitos. Será que adormeceram imediatamente? É difícil de responder! O pequeno coração humano é algo estranho, em determinadas ocasiões é difícil consolá-lo.
O primeiro dia na nova pátria.
          Na manhã seguinte, o Sol apareceu no horizonte com uma grande bola de fogo. Iluminando o novo dia, um feriado.
Com o Sol também veio o diretor, sozinho, passando por todos os alojamentos, dirigindo palavras cordiais aos presentes. Ele estava novamente com pressa, dando apenas respostas breves. Como não havia cozinha os imigrantes pediram lenha.
          - Cozinha? Bem, vocês devem construí-la sozinhos, porque as velhas caíram aos pedaços – respondeu sorrindo e, fazendo um movimento circular com a mão, explicou – Aí, ao redor, há mato suficiente, retirem o material que quiserem.  Apanhem a lenha onde possa ser encontrada.
          - Sim, sim, tudo isso pode ser muito bom, mas se os índios, ou as onças nos comerem? – murmurou, em dialeto, um segeiro.
          O diretor riu mais ainda.    - Nesses arredores não há, onças nem índios – explicou ele aos novatos assustados – Vocês devem se cuidar apenas para não se perder nas mata.
          Ainda havia muito para ser esclarecido, porém, o diretor cortou a conversa com as palavras:
          - Hoje, não! Hoje, não! Fica tudo para depois de amanhã.
Hoje, não tenho tempo! Desejo a todos um Feliz Natal – retirou-se às pressas.
          - Sujeito esquisito – comentou Goldenercom meu pai – Ele deve ter certas manias.
          - Deixa estar – retrucou meu pai – Nós precisamos conhecê-lo melhor.
          Enquanto meu pai e Goldener conversavam, alguns colonos da redondeza começaram  a chegar e , aos poucos, vieram mais e mais pessoas que ficaram sabendo de nossa chegada.
{...}

Karl Kleine

O livro é uma transcrição  do manuscrito original de Theo Kleine. Tradução Annemarie Fouquet Shünke. Organização Cristina Ferreira; Editora Cultura em Movimento, Blumenau 2011. Titulo original “Blumenau Einst.Erlebnisse und Erinnerungen”.
Livro com 342 páginas.
Arquivo família Kleine/Sérgio da Silva/Adalberto Day/Arquivo HJFS

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

- Gervásio Tessaleno Luz

Histórias de nosso cotidiano
Gervásio Luz fala dos anos 60
Resumo da entrevista.
Gervásio Tessaleno Luz – Escritor, jornalista, professor.
Natural de Rio do Sul (1942), veio para Blumenau aos 11 anos de idade.

Prometi, cumpro. Achei os papéis datilografados com a entrevista que concedi a um aluno do curso de História da Furb. Primeiro nome lembro bem: Fábio. O sobrenome é que são elas: iniciais – F.A.S. – Estagiou no Arquivo por breve tempo. Elétrico que nem só. Formou-se e hoje é atendente de farmácia na Mauro Ramos na Capital. O trabalho de fim de curso que lhe rendeu um sonoro 10 deve constar do Arquivo. 
Entrevistado a respeito de suas principais atividades – o magistério e o jornalismo – Gervásio Luz preferiu ater-se mais à década de 60, quando as iniciou. Batiza aqueles tempos de anos dourados, usando uma expressão já consagrada em livros e novelas. Justifica a utilização, traçando um mosaico de informações sobre cinema, imprensa, literatura, música, meio ambiente, política, sociabilidade e teatro e também o modus vivendi.
No momento, não leciona mais. Apenas escreve. 
F. A. S.: Gervásio, como foi viver a década de 60 em Blumenau?
G.L.: Os anos dourados, como se dizia, foram significativos, foram diferentes em todos os sentidos, aqui em Blumenau e no Brasil todo. Era a época do Juscelino, com seu desenvolvimento nacionalista, desenvolvimento da indústria automobilística, a Bossa Nova, os ares novos. E, nós aqui vivíamos tranquilos, não havia problemas de assalto e, no decorrer desta entrevista, fixarei pontos, ou melhor, farei referências aos movimentos culturais e sociais e o modo de viver naquele bom tempo. 
F.A.S.: Por que a década de 60 é chamada de anos dourados?
G.L.: Porque foram dourados mesmo, vê que a língua portuguesa tem cada coisa, não é? Dourados é a mesma coisa que doirados, como loira e loura. O que marcou muito a década de 60 foi, por exemplo, o surgimento de grupos musicais. Lembro-me bem, conhecia toda a equipe. Os Beavers. Eles queriam ser Os Beatles. E animaram muitas festinhas aqui na região, com a música já mais americanizada, mas não faz mal. É 60, viu? Através do poeta Lindolf Bell, a divulgação da Catequese Poética que ele iniciou em São Paulo, chegou ao Vale do Itajaí.  Veio residir aqui. E fundou a primeira galeria de artes do estado de Santa Catarina, a Galeria Açu-Açu que, infelizmente, com sua morte, sumiu. Nós tivemos uma série de eventos, os famosos salões de artes plásticas no Carlos Gomes e em outros locais. Lançavam-se artistas que até hoje estão atuando ou incentivando novos valores. 
O Teatro Carlos Gomes era um tabu, havia quem o chamasse de Elefante Branco. Era uma sociedade fechada, só para sócios. O povo achava o teatro da Rua XV uma coisa muito privada, muito elitista. Se viesse um cantor famoso – Nelson Gonçalves, Elizete Cardoso ou Vicente Celestino –, e se apresentasse no Carlos Gomes tinha meia dúzia de gatos pingados, ou melhor, os ricos que não eram fãs desse tipo de música, desse tipo de intérprete.
Eram ouvidos em rádio, eram cantores de rádio e quando vistos em público era um fenômeno! Se o mesmo cantor se apresentasse no Cine Teatro Busch que possuía palco para apresentações musicais, lotava. O cantor podia ficar ali a semana inteira com casa cheia.
Nos anos 60, ocorreu um episódio interessante. O Carlos Gomes recebia até então só famosas companhias teatrais. De Procópio Ferreira a Cacilda Becker. Começaram a aparecer shows com Chico Anysio, Ary Toledo, Elis Regina, coisas mais populares, e o povo começou a frequentar, bem como a juventude. Tanto que hoje com o Festival Universitário de Teatro e outras promoções, o Carlos Gomes é um teatro do povo. Acabou aquele elitismo, é um monumento. Não mais um Elefante Branco.
Também é digno de marcar na década de 60 a realização do 1º. Salão Pró-Arte Nova. Vieram críticos famosos de São Paulo e o melhor pintor foi meu primo Alberto Luz, que, aliás, é autor da capa do meu primeiro livro, Rio que passa em nossas vidas. A Elke Hering ganhou o prêmio de melhor escultora. O júri deu um prêmio especial a um objeto criado por dois primos, Bráulio Maria Schoegel e Vilson Nascimento. Hoje, eles atuam na área de cultura. O Bráulio é o presidente da Fundação Cultural de Blumenau. Na época, jovens, eles tentaram as artes plásticas e participaram desse concurso com um “objeto”. Meses depois, fui à biblioteca Fritz Müller. Nunca esqueço, chovia. Encontrei o professor José Ferreira da Silva, que era o diretor, que disse: “Gervásio, vem cá. Vem ver uma coisa. Se eles não levarem isso daqui, eu jogo fora.” Ele tinha pavor daquela obra. Era um tronco de madeira, parte de uma árvore. Em cima, uma roda de bicicleta, uma cabeça de boneca pintada no meio dos aros da roda e um guarda-chuva. A obra se chamava “Objetos desamparados”. Comentei que a obra tinha um nome sugestivo e adequado e eu teria que colocar no jornal, pois estava na chuva, abandonada, com o amparo apenas do guarda-chuva. A dupla naturalmente ficou fula comigo, mas hoje encaram o episódio com graça e humor (risos).
Outro papel fundamental para a divulgação da cultura residiu na Livraria Dom Quixote, situada no porão da Galeria Schadrack. O dono, Daniel Curtipassi, viria a ser também diretor da Fundação Cultural. Ele vendia livros proibidos pelos militares, a maioria editada pela Civilização Brasileira do Ênio Silveira. Todos os escritores estavam no índex daquele governo. A juventude batia ponto, os intelectuais também. Discutia-se poesia e prosa. Foi fundamental para o crescimento das mentes pensantes daqui, os jovens do Vale do Itajaí, a Dom Quixote! Acho digno este registro porque na área da literatura teve um papel fundamental. 
F.A.S.: Gervásio, como as pessoas se divertiam? Quais eram as práticas de sociabilidade?
G.L.: Eu peguei a época das festinhas! (Balada era um tipo de música e tão somente). Final de semana, a juventude se reunia nos clubes Ipiranga, Carlos Gomes. Eram festas, bailes de debutantes, coisas da nata da sociedade.
 Mas havia o Clube Náutico América, hoje aquele monstrengo inacabado. Era um amplo salão com vista para o rio Itajaí Açu. Sempre o rio, não é? E ali, nós tínhamos as domingueiras. Os jovens, em época posterior, também se encontravam no Grande Hotel Blumenau, onde vi pela primeira vez a então estudante do Pedro II Verinha Fischer. Tinha uma boate famosa no Aquarius, um anexo. E ao som da música Estúpido Cupido, com a Cely Campelo o que se fazia era... namorar. Aos domingos, cena nítida: subindo a XV em direção à Igreja Matriz, famílias inteiras, pai, mãe, filho, avô... Depois da missa das 9h, as horas que antecediam o almoço eram passadas nas sorveterias. A mais famosa, a Confeitaria Tönjes, infelizmente morreu na década de 80. Sobre ela, existe um depoimento muito bonito. A escritora Elsie Lessa escrevia uma coluna no jornal O Globo. Casada com o escritor Orígenes Lessa, aquele de O feijão e o sonho, é mãe de Ivan Lessa, famoso jornalista que mora em Londres e expoente do Pasquim. Filho de peixes, peixinho é! Ela escreveu uma crônica no jornal carioca sobre as doçuras do Tönjes. Vejam o sentido duplo da palavra. Praça Dr. Blumenau. Na parte da frente, ficavam os adultos. Nos fundos, num jardim, hoje Beira-Rio, cheio de cadeiras e guarda-sóis, a juventude se reunia. Época de muita paz, respeito, enfim.
Era a mais famosa confeitaria da cidade. Havia também o Socher, ao lado da
F.A.S.: O que os jovens bebiam?
G.L.: Quando eu disse que os anos dourados se caracterizavam por paz e respeito, é porque se havia consumo de drogas, pouco ou nada se percebia. O grande vício da juventude na minha época era o álcool... mas não tão exagerado assim. Há quem diga que beber socialmente não faz mal a ninguém. Claro, quase todo jovem toma seu primeiro porre na primeira festa. Mas isso não levava a brigas no ambiente e não causava crises familiares. O álcool foi a fuga, a válvula de escape de nosso tempo. A afirmação não significa uma apologia a ele. Não vamos tecer loas a Baco. Fernando Pessoa, grande poeta português, afirma: “Toda bebedice é luzente.” Num artigo – Direito de beber – registrei que beber ou não beber não preocupou Shakespeare e sim o nosso Humberto de Campos. O escritor maranhense, numa crônica inserta em sua obra póstuma Contrastes, emite opinião sobre a Lei Seca, então em vigor nos Estados Unidos. Humberto reproduz uma declaração do general Pershing, herói de guerra. Retornando ao seu país, pronunciou-se contra a rigorosa medida, dizendo: “O regime proibicionista é o regime da hipocrisia, e a civilização norte-americana só retomará o seu ritmo bebendo cada um o que deseja, a quantidade que pode, no lugar que bem entende.”
Mais adiante, o autor cita palavras de Benjamin Franklin: “A verdade está no vinho. Antes de Noé, não tendo para beber senão água, os homens não podiam reconstruir a verdade! Transviaram-se, tornando-se abominavelmente maus e foram exterminados pela água que gostavam de beber.” E, num arremate brilhante, Humberto de Campos encerra o seu escrito pró-levantamento de copos, afirmando: “Descoberto o vinho por Noé, nunca mais houve Dilúvio.” (risos).
F.A.S: Sobre a relação das pessoas, como eram as paqueras, os namoros nesse tempo? Existiam locais adequados para os encontros?
G.L.: Bem, nós estamos numa época moderna! Mas o romantismo imperava. Não vou chegar ao exagero de dizer que era como no tempo de nossas mães, quando o namorado ia visitar a namorada, tinha acesso a casa, podia conversar com a amada, mas sem botar as mãos nela. Na sala, com a presença do pai, da mãe, da tia solteirona, do tataravô, todo mundo de olho no procedimento dos jovens. A coisa em 60 era mais solta. Inda assim com um cadinho de respeito.
Cine Busch
O ponto de encontro dos namoricos eram os cinemas. Cine Blumenau, Cine Busch. Pegava-se a mão da menina e brotavam os beijinhos doces, naturalmente. Como havia fiscalização, exageros não ocorriam. Nas confeitarias, o garoto quando tinha um pouquinho de grana, mesada confortável, levava as meninas às confeitarias. E também aos bailes e festinhas. Havia sim lugares adequados e bem frequentados. Eram namoros sob controle familiar. Todos indo à missa... Coisa que hoje não se vê. É cada um pro seu lado. Poucos vão à igreja. 
F.A.S.: Outro hábito era a leitura. O que se lia?
G.L.: Havia literatura especializada para moças (Senhora Leandro Duprê) e livros que só os rapazes podiam ler (Nelson Rodrigues). Os delas correspondiam a romances sentimentais ao extremo, fora da realidade da vida. Os deles, rodrigueanos, retratavam a vida como ela é. Mas a regra valia apenas para mocinhas cercadas de muito recato. A maioria já punha as mangas de fora e mergulhava fundo na obra de Jorge Amado.
F.A.S.: Os passeios eram outra prática de lazer. Como eram esses passeios e quais os meios de locomoção e lugares?
G.L.: Quando cheguei a Blumenau, em 1953, ainda vi por alguns anos os carros de mola, com ponto em frente ao prédio dos Correios, ou seja, defronte ao falecido cinema Busch. Os táxis depois tomaram esse lugar. Carros de mola eram utilizados para passeios na cidade, em dias de semana com naturalidade, e com mais entusiasmo nos finais de semana. Levavam-nos a salões onde se realizavam bailes de caça e tiro.
Não sinto uma grande firmeza em discorrer sobre este assunto. Porém, me lembro dos piqueniques. Normalmente, eram escolhidos gramados à beira do rio Itajaí. Belos finais de semana curti em Belchior e região dos Baús. Dias passados em contato com a natureza. Levava-se a comida pronta, galinha feita na véspera, colocada em farofa e acondicionada em latas. Daí a expressão farofeiro para quem vai à praia com comida levada de casa. As mulheres se reuniam em saraus literários. Uma tocava piano, outra ensaiava um cantozinho, uma terceira contava um trecho de romance, mas isso anos bem anos dos dourados.
F.A.S.: O que mudou? O que achas que deveria permanecer?
G.L.: O que deveria haver, já frisei, não quero ser repetitivo, mas já o sendo, é mais paz, mais respeito. Blumenau está penando o status de ser uma cidade moderna, crescidinha. Recebe moradores de todo o Brasil. Não é uma afirmação sociológica, mas a própria festa, nossa Oktoberfest, dá ilusão pela sua grandiosidade, divulgação exagerada no país e no exterior. É uma cidade rica, então vêm estas pessoas, se mudam pra cá, deixam seus rincões e até metrópoles, formando bolsões de pobreza.
Um aluno meu fez especialmente para a minha coluna diária no Jornal de Sta. Catarina uma charge especial. Mostrava um turista maravilhado, cheio de máquinas fotográficas, óculos escuros, olhando os prédios de Blumenau.
Reconhece-se a igreja, o prédio do Grande Hotel. Todo feliz, ele diz: Wonderful city! Ao lado dele, um homem estendendo a mão: Dá uma esmola, por favor!  Próxima ao pedinchão, uma plaquinha: Beco Araranguá. O turista permanece no miolo da cidade e retorna encantado. Na periferia, é só droga, roubo e assassinatos.
Acho que se devia fazer menos política e mais polícia.
Arquivo de Adalberto Day/Colaboração de Braz dos Santos que me enviou o texto.
Leia mais sobre Gervásio da Luz:

terça-feira, 8 de outubro de 2013

- David Hiebert, o "RUSSO"

Em histórias de nosso cotidiano apresentamos a vida de DAVID HIEBERT, O “RUSSO” DO BAIRRO DO GARCIA.
Texto Walter Hiebert (falecido em 20/06/2016)
DAVID HIEBERT, O “RUSSO” Foto por volta de 1940 DO BAIRRO DO GARCIA.
Ele nasceu em 08.10.1918 em Pascha-Tschokmak, Crimeia, no então Império Russo, hoje uma região que faz parte da Ucrânia. Faleceu em 20 de agosto de 1970 em Blumenau.    A Crimeia é aquele pingente que fica na parte superior do Mar Negro. A sua família era membro de uma religião evangélica denominada Menonitas, iniciada por um padre católico chamado Menno Simon, nascido em Witmarsun, Holanda, antes de 1500. Ele foi contemporâneo de Martim Lutero.
Em novembro de 1929 eram aproximadamente 13.000 menonitas que estavam nos subúrbios de Moscou tentando a emigração da então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), o “paraíso comunista”, pois tinha sido proibido que tivessem uma religião, além dos confiscos, roubos, prisões e assassinatos que foram vitimas as suas famílias. Queriam sair, não importava o destino.  Um deles era um menino de 11 anos, ele seria depois conhecido como o Russo do Garcia.
Daqueles 13.000 menonitas somente 3.885 conseguiram visto de saída e abrigo temporário na Alemanha, nos campos para refugiados de Möln, Prenzlau e Hamerstein. Entre eles estava a viúva Agatha Hiebert, nascida Böse, com seus quatro filhos menores. Um deles era o David Hiebert, o que viria a ser o “Russo” do Garcia. Ele tinha então 11 anos.
A família da Agatha primeiro ficou alguns dias em Hamerstein e depois em Möln até meados de 1930.
Dos 3.885 menonitas que saíram da URSS, apenas 1.200 vieram para o Brasil em 1930.
As primeiras 33 famílias desses menonitas saíram de Hamburgo em 16.01.1930 no Navio Monte Oliva tendo como destino o Rio e Janeiro. Da então capital federal pegaram outro navio até São Francisco – SC. Daquele porto até Jaraguá do Sul faziam o percurso de trem. Daquela cidade até Blumenau viajaram de ônibus. No trecho até Hamônia (hoje Ibirama) viajaram de trem.
De Hamônia até "Neu Breslau" (hoje Presidente Getúlio) o transporte foi a carroça para a bagagem, crianças e idosos, os adultos fizeram o percurso a pé.
A viúva Agatha Hiebert, mãe do menino então com 11 anos e que viria a ser conhecido por “Russo”, fez um percurso um pouco diferente com seus quatro filhos menores.
Eles embarcaram em Bremen no navio “Sierra Ventana” numa viagem que durou 18 dias até o Rio de Janeiro, tendo feito escalas em Lisboa e Ilha da Madeira.
No Rio de Janeiro ficaram retidos por dois meses na Ilha das Flores, pois naquele dias ocorria a revolução de 1930 de Getúlio Vargas.
Terminada a revolução embarcaram no navio Aspirante Nascimento que os levou até Itajaí – SC.
De Itajaí até Itoupava Seca viajamos pelo rio acima em diversas chalupas engatadas atrás dum vapor. De Itoupava Seca até Hamonia de trem. De Hamonia ao nosso destino que era a serra Stolz Plateau nos levaram de carroças. Lá na serra ficamos a primeiro tempo numas barracas improvisadas e construídas para abrigar de 10 a 20 famílias.” (Texto redigido por Jakob Hiebert, irmão do Russo em 25.08.1974, cujo original está preservado.)
Os menonitas fundaram as colônias de Witmarsum, Waldheim e Gnadental na região denominada Krauel (o nome do Consul Geral da Alemanha no Brasil à época). Por último criaram uma vila na serra denominada "Stolz Plateau".
Os últimos menonitas chegaram na região em junho de 1934, eram 34 famílias que fugiram da Rússia para a China e de lá para o Brasil. A China foi somente uma rota de fuga para menonitas que se espalharam pelo mundo. Nas tentativas de fugas muitos menonitas foram capturados e assassinados pelos comunistas da URSS.
Desde o início da colonização na região do rio Krauel vários Menonitas se mudaram para cidades do Vale do Itajaí e outras da região sul do Brasil, tais como Curitiba, Palmeira e Bagé.
Em 1950, depois de 20 anos de muita luta e sacrifícios, os últimos Menonitas também abandonaram o "Krauel", deixando investimentos que até hoje existem, como, por exemplo, a sede da Prefeitura de Witmarsun, que era o antigo hospital dos menonitas, e várias escolas, sendo que um delas foi transformado em museu da imigração.
Existem cemitérios dos menonitas na região, com a identificação dos menonitas que faleceram no período 1930/50.
Depois de trabalhar na floresta virgem por alguns anos e ainda adolescente, o Russo do Garcia foi trabalhar na Haco da Vila Itoupava, depois foi tentar a sorte em Curitiba, onde trabalhou de jardineiro e padeiro, a seguir conseguiu emprego em Brusque, onde trabalhou na Carlos Renaux, para finalmente se fixar no Garcia, onde trabalhou na Empresa Industrial Garcia (EIG) até se aposentar em 1969.
EIG - Empresa Industrial Garcia
Paralelamente ao ofício de tecelão na EIG ele fez o Curso de Rádio Técnico por correspondência na National School, de Los Angeles, Califórnia, USA.
Começou o curso em 19.08.1949 e terminou em 15.05.1951, tendo pago US$ 150,00 pelo mesmo.
Rua 12 de Outubro
Sr. "Russo" e filho Adolfo em sua bancada na oficina na Rua 12 de Outubro,111 bairro da Glória.
Em 1970, Sr. Russo na oficina da casa na rua Ipiranga, 81. Neste mesmo ano faleceu no dia 20 de agosto de 1970.
Tais conhecimentos permitiram que abrisse uma oficina de consertos de rádios em sua própria residência, na então existente Rua 12 de outubro, nº 111, era a primeira rua a esquerda na rua da Glória. Essa atividade o tornou muito conhecido na região. Poucos sabiam o seu nome, todos o chamavam de Russo.
Seu expediente diário era das 5 até 13,30 horas na EIG e das 14,30 até 22 horas em sua oficina. Seus ajudantes na oficina eram as filhas e filhos.
Os consertos oferecidos não eram somente de rádios, mas também de gramofones (aqueles com manivela), radiolas, gravadores de fita (rolos enormes), relógios de pulso, despertadores, enceradeiras, e, na fase final de suas atividades, também televisores.
Oferecia também em sua casa a recarga de baterias, muito usadas por aqueles que residiam na Rua Progresso depois do cemitério, pois a partir daquele ponto não existia o fornecimento de energia elétrica.
Mas em 1962 uma nova atividade comercial mudou o foco de seu trabalho, era o surgimento de uma novidade tecnológica, era o tempo do rádio portátil.
Ele comprava lotes desses rádios em São Paulo e os revendia em Blumenau. As marcas mais comuns eram Sharp, Mitsubishi, Spica, Crown, Standard, National, Wilco e Holiday. O mais vendido era a marca Sharp. Ele era o único vendedor da grande novidade no Garcia.
Em julho de 1964 um rádio Sharp custava Cr$ 45.000,00, um Mitsubishi Cr$ 40.000,00 e um Crown Cr$ 34.000,00..
Um de seus clientes foi o Sr. Dieter Altemburg, que em 05.09.1963 comprou um rádio Sharp por Cr$ 31.000,00, tendo dado Cr$ 10.000,00 de entrada e o saldo em 3 (três) prestações de  R$ 7.000,00.
Alguns de seus clientes foram:
- Nazário Moritz, comprou um Sharp em 11.12.1962;
- Walter Schulz, comprou um Sharp em 26.01.1963;
- Nilton Aguiar, comprou um Sharp em 09.03.1963;
- Oswaldo Scheifer, comprou um Sharp em 27.03.1963;
- Orlando Oliveira, comprou um Sharp em 21.04.1963;
- Francisco Oliveira, comprou um Mitsubishi em 12.02.1963;
- Anselmo Oeschler, comprou um Mitsubishi em 12.02.1963;
- Onildo Oliveira, comprou um Mitsubishi em 22.04.1964;
- Silvio Oliveira, comprou um Sharp em 24.04.1964;
- Alfredo Iten, comprou um Mitsubichi em 22.04.1964;
- Irineu Moritz, comprou um Sharp em 05.05.1964;
- Hipólito da Silva, comprou um Wilco em 09.05.1964;
- Osmar Felski, comprou um Wilco em 14.12.1964;
- Rolf Elke, comprou um National em 03.02.1965;
- Nelson Salles de Oliveira Oliveira, comprou um National em 11.03.1965;
- Flávio Moritz, comprou um Sharp em 10.03.1965;
- Albrecht Papst, comprou um Crown em 06.12.1965;
- Nicolao Day, comprou um Sharp em 10.06.1966.
Além dos serviços em sua oficina, o Russo também fazia propaganda móvel com seu furgão Chevrolet 1950, tanto divulgando as festa da região, os bailes, as domingueiras, bem como propaganda comercial de lojas e campanhas políticas.
A partir de 1969 esses serviços passaram ser realizados com  seu Opala “0” Km amarelo, um dos primeiros de Blumenau. O revendedor da GM o procurou e pediu para que não fizesse tal tipo de trabalho com seu automóvel, pois isso prejudicaria a imagem do lançamento da GM na cidade.  Dada a insensatez do pedido o mesmo não foi atendido.   
Salão onde eram exibidos os filmes pelo Sr. Russo e filhos
A imagem é de 31 de outubro de 1961 - Enxurrada que destruiu todo salão e estádio do Amazonas
Observação:
Nessa tragédia ocorrida no dia 31 de outubro de 1961, tivemos o caso do Soldado Moacir Pinheiro (morador da rua Almirante Saldanha da Gama, bairro Glória)  que acabou caindo próximo a  passarela (pinguela) após tentar atravessa-la, devido a forte correnteza, da hoje rua Hermanan Huscher (Valparaiso) cujo nível da rua era inferior ao da pinguela. Era água pelo joelho, mas ele caiu e foi arrastado para uma cerca de arame próxima onde ficou preso junto ao entulho e veio a óbito para a atual rua que empresta seu nome, ( Rua Soldado Moacir Pinheiro) no bairro Garcia em sua homenagem.. 
Outro fato foi uma tentativa feita por um morador da rua Emilio Tallmann, de salvar três crianças que vinham pelo ribeirão abaixo nos destroços da casa em que moravam. Este senhor foi HELMUTH LEYENDECKER que se atirou nas águas barrentas e com muita correnteza. Seu ato de heroísmo não foi suficiente pra salvar as três crianças, pois a ponte com estrutura muita baixa não permitiu, elas foram encontradas mortas no estádio do Amazonas Esporte Clube de propriedade da E.I. Garcia.
Colaboração Valter Hiebert/Marcos Salles Leyendecker 
Era o Russo que por muitos anos passou os filmes no salão do Amazonas, evento que ocorria semanalmente e atraia centenas de pessoas, especialmente as crianças.
Em decorrência de seus conhecimentos em eletrônica passou a prestar tais serviços também na EIG, onde também trabalhou no laboratório da fiação e finalmente na portaria.
Da esquerda pra a direita: Valter (falecido em 20/06/2016), Carlos, Anna Klassen Hiebert (nossa mãe falecida em 1973), Adolfo, David Hiebert (falecido em 1970), Irene Hiebert Kertischka (falecida em 2007), e Rosita Hiebert, falecida em 1961.
Casamento e proles:
Ele foi casado com Anna Klassen, também nascida na Ucraína, mas em outra região. Tiveram sete filhos, os primeiros 5 (cinco) nasceram na sua casa em parto realizado pela Schwester Martha, os dois últimos nasceram em maternidades de Blumenau.
Sua primeira filha era Rosita Hiebert, nasceu em 1942, trabalhava na EIG quando faleceu com 19 anos.
A segunda filha era Irene Hiebert, nascida em 1943, que casou com Harry Kertischka, também trabalhou na EIG, teve os filhos Andréia, Simone e Ricardo. Ela faleceu em 2007 em Blumenau.
O terceiro filho foi Valter Hiebert, nasceu em 1946 e falecido em 20 de junho de 2016, trabalhou na EIG de 1962 até 1965, depois foi Sargento do Exército até 1977, a seguir trabalhou no Banco Central do Brasil em Brasília de 1977 até 1994, aonde chegou a Consultor Chefe, na seqüência, em 1994, foi assessor do Ministro da SEPLAN, em 1995 foi nomeado Vice Presidente da Caixa Econômica Federal, em 1997 foi nomeado Vice Presidente da Companhia Brasileira de Securitização – Cibrasec, onde se aposentou em 2005. Paralelamente foi professor na PUC de Brasília por 15 anos e em cursos de pós-graduação da FGV em Brasília por 9 anos. Hoje está aposentado em Balneário Camboriú – SC.
O quarto filho foi Carlos Jorge Hiebert, nascido em 1948, trabalhou na EIG e hoje atua com construtor em Blumenau.
O quinto filho foi Adolfo Hiebert, nascido em 1954, começou a trabalhar na EIG em 1970 onde permanece até a presente data na agora denominada Coteminas. 
O sexto filho foi Ivo Hiebert, nascido em 1959, trabalha como Fiscal da Secretaria de Finanças de SC em Itajaí, onde reside.
O sétimo filho foi Alex Hiebert, nasceu em 1964, é engenheiro civil formado pela UFSC, atua e reside em Blumenau.
O Russo se aposentou na EIG em 1969, tinha então 50 anos,  planejara dedicar, a partir de então, todo o seu tempo nas atividades comercias e publicidade.
Contudo, poucos meses depois de aposentadoria foi vitima de um tumor no cérebro, mesmo com  cirurgia e radioterapia mostrou-se incurável.
 O Russo de muitos amigos, muito conhecido no bairro, admirado por  sua inteligência, integridade e honestidade terminou seus dias em 20.08.1970, no Hospital Santa Isabel de Blumenau. Ele tinha somente 51 anos de idade.
O saudoso “Russo” foi e será sempre motivo de muito orgulho e respeito de todos os seus descendentes.
DAVID HIEBERT, O RUSSO DO GARCIA, VEIO DE TÃO LONGE, ANDOU POR VÁRIAS CIDADES, MAS ESCOLHEU BLUMENAU PARA PARADEIRO DEFINITIVO. ELE ESTÁ SEPULTADO NO CEMITÉRIO DA RUA PROGRESSO, AO LADO DE SUA ESPOSA ANNA HIEBERT, NASCIDA KLASSEN.
TERMINO ESSE RELATO COM LÁGRIMAS EM MINHA FACE, POIS ESCREVI UM POUCO DO MUITO QUE SEI DE MEU MAIOR HERÓI, DE MEU ETERNO ÍDOLO.
HOMENAGEM DE VALTER HIEBERT, CUJOS FILHOS CHAMAM-SE TAMBÉM DAVID E ANNA
Texto Walter Hieber filho do “RUSSO”; arquivo família Hiebert e Adalberto Day 

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

- 30ª Oktoberfest de Blumenau

  O cartaz oficial da 30ª Oktoberfest

Rainha da 30ª Oktoberfest de Blumenau de 2013 Shirlene Reichert (centro) 1ª Princesa eleita foi Cintia Galz (lado esquerdo) e a 2ª Princesa Bruna Eyroff  (lado direito).  * Foto Jaime Batista da Silva
- Este ano o evento será realizado de 03 a 20 de outubro/2013. 

Uma excelente festa aos nossos visitantes de todo o Brasil e do exterior, em especial ao povo catarinense. Viva a Vida!!!.

Hallo Blumenau.... Bom dia Brasil....17 dias de folia... música cerveja e alegria.... Hallo Blumenau... 
- Quer ouvir a música? Clique no link abaixo:
Ein Prosit!!!
- No Brasil, a Oktoberfest foi realizada pela primeira vez em 1978 no município de Itapiranga, extremo-oeste catarinense. Na ocasião, um grupo de jovens, maioria descendentes de alemães, reuniu-se na localidade de Linha Becker para cantar, tomar chope e tocar música. Esses encontros foram tornando-se freqüentes até que em 1989 a festa passou a ser realizada no centro da cidade.
Inspirada na Oktoberfest de Munique, a sua versão blumenauense nasceu da vontade do povo em expressar seu amor pela vida e pelas tradições germânicas. 
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Memórias de Niels Deeke - Festivais do Chope em Blumenau 

FIDELIDADE À VERDADE – Muito ao contrário do que consta no texto quando assevera “No Brasil, a Oktoberfest foi realizada pela primeira vez em 1978 no município de Itapiranga”... a primeira Oktoberfest no Brasil realizou-se em Santa Cruz do Sul/RS, remontando a comemoração ao ano de 1966, quando de 15 de outubro a 6 de novembro foi realizada a primeira edição. 
Registros do ano 1998 - OKTOBERFEST e FESTIVAL DO CHOPE. Certa questão tem sido repetida várias vezes em comentários através da imprensa local, é a relativa à “Paternidade da Ideia da Implantação da Primeira Oktoberfest em Blumenau”. Há quem atribua a idealização ao Secretário de Turismo de então - Antônio Pedro Nunes, já outros apontam Hans Schadrack, então empresário da “Loja Moellmann” como o “pai da criança”. Necessário se faz repor a verdade histórica, pois a “paternidade” do ideário do “Festival do Chope em Blumenau”, é exclusiva dos empresários da “Ouro Promoções ”, ou seja, os Srs. Laércio Cunha e Silva e seu associado Geovah Amarante. Neste breve apontamento não pretendemos estabelecer diferencial entre “ Oktoberfest” e “ Festival do Chope” , porquanto são idênticos, somente tendo titulações e datações de comemoração diversas, condições que invalidam deixar-se de atribuir a primazia aos seus verdadeiros idealizadores – scilicet : “ Ouro Promoções ” . A empresa “Ouro Promoções” realizou no “Pavilhão A” da Proeb - seis ( 06) “Festivais do Chope” – entenda-se em seis exercícios - com desfiles, trajes típicos- chapeuzinhos à “Tirol”, iguarias e especialidades em pratos típicos alemães, (Que então eram uma delícia - e já agora - estamos em 1998 - deixam muito a desejar) múltiplos conjuntos de música germânica, inclusive bandeirolas, danças com um tablado central elevado e os “canecos decorativos” (Fabricados pela “Ceramarte”) , Chope de baixa e alta fermentação saído de mangueirões à guisa de mangueiras para abastecimento de gasolina, e tudo mais, nos anos de 1966, 1967, 1968, 1969, 1970 e 1971. A única diferença coube ao mês da realização, quando geralmente acontecia durante o verão, dando oportunidade aos maridos que permaneciam em Blumenau, a trabalho, de divertirem-se um pouco, enquanto as esposas veraneavam no litoral. Os eventos perduravam durante uma semana, e eram realmente animados com enorme afluxo de visitantes. Portanto a propalada “paternidade da ideia , cabe unicamente ao empresário “Laércio Cunha e Silva” de Itajaí, que promoveu os festivais associado a Geovah Amarante. Tudo quanto puseram em prática treze anos após, nada mais foi que uma repetição (mera cópia) - com duas diferenças, o nome “Oktoberfest” e o “mês” da realização. Reinventaram o que já fora descoberto, aliás, se para si avocam a concepção do evento, nada mais cometem que um cristalino plágio. Quiçá assim erradamente só pensem as “aves de arribação” que aqui na nossa Blumenau aportaram anos após, vindos para “rapinar” ou “abonarem” de nossas tradições! 
Este escriba, Niels Deeke, ainda em 24/7/1998, através de longo telefonema à Itajaí, mantido com Laércio Cunha e Silva rememorou os eventos, e ao comentarem a questão da paternidade da ideia, o Sr. Laércio externou sua opinião de que seria de todo impossível apagar-se da história aqueles monumentais primeiros festivais no “Pavilhão A”, que evidentemente servirem como “fundamento e ideário” para tudo quanto posteriormente foi produzido. 
Laércio Cunha e Silva, 77 anos de idade em 1998, licenciado em Direito, autor da obra Itajaí - Cem Anos de Município - Laércio Cunha e Silva - Roberto Mello de Faria. Laércio Cunha e Silva foi em 1945/46 presidente do Centro Cultural de Itajaí- em Itajaí SC, e após foi Secretário da Prefeitura de Teresópolis, Estado do Rio, talvez durante a gestão municipal do Prefeito Flávio Bortoluzzi de Souza, que era catarinense. Em 1964 o Sr. Flávio Bortoluzzi de Souza, prefeito de Teresópolis, visitou Blumenau. Laércio Cunha e Silva foi ainda, em 1964, Presidente do Centro Catarinense no Rio de Janeiro.  Em 27/02/2013, Niels Deeke telefonou à Itajaí e falou com Laércio Cunha e Silva, então com 93 anos de idade, porém muito lúcido.


- Em Blumenau, a Oktoberfest surgiu no ano de 1984 com a proposta de levantar o ânimo da população, abalada por duas grandes enchentes do rio Itajaí-Açu (1983/1984). A partir de 1987 a festa consolidou-se nacionalmente, e ganhando status de segunda maior festa da cerveja do mundo, depois de Munique, na Alemanha. Atualmente a festa é realizada no PARQUE VILA GERMÂNICA. 
Observação: criação da Oktoberfest em Blumenau. 

Apesar da "Oktoberfest" já estar sendo planejado antes pelo governo do prefeito Renato de Melo Vianna em 1981, somente no governo do então Prefeito Dalto dos Reis (1983/1988) se consolidou. Na oportunidade foi passada para a população que era uma proposta de levantar o ânimo dos munícipes “festa caseira”, abalada por duas grandes enchentes do rio Itajaí-Açu (1983/ 1984). Para a história, cultura, folclore, tradição, sempre será este o motivo principal e motivador da festa.

O secretário de turismo era o empresário Antonio Pedro Nunes.
Mais observações do Projeto.

Projeto da OKTOBERFEST em 1976
Pelos registros da Comissão Municipal de Turismo apresenta a explanação de Peter Mojan gerente da Lufhansa em Blumenau em ata é o primeiro registro que fala em Oktoberfest em 13 de outubro de 1976
Adolfo Ern Filho
Hermes José Graipel JR
Foi discutido sobre a construção de um “Hall” de convenções. A Comissão achou que o ideal seria construir na PROEB, pois oferece lugar para estacionamento. Em seguida, o Sr. Francisco Canola Teixeira explicou à Comissão a finalidade da JEOTES e pacotes turísticos. A Jeotes já trouxe para Blumenau diversos ônibus com sócios e, ao parece, está obtendo sucesso com esta promoção.  (p.22).
No dia 13 de outubro 1976, realizou-se uma reunião da Comissão Municipal de Turismo no restaurante Frohsinn, tendo como convidados, representantes do comércio, hotéis, restaurantes, agentes de viagens e, como convidado especial, o Presidente do SKAL Club São Paulo, Senhor Paulo Henrique Meimberg. O Sr. Francisco Canola falou sobre a implantação de um Posto de Informações Turísticas que está sendo estudado para ser implantado na entrada da cidade. Sr. Augustinho Schramm disse ser necessário, achando mesmo que, com um posto na entrada da cidade, o turista chegará ao centro bem informado [...] O Sr. Guenther Steinbach disse que haveria de ser instalar um telefone no Posto de Informações, como também manter cicerones permanentes para guiar os turistas. [...] Em seguida, Sr. Francisco fez uma explanação sobre o 21º Congresso Brasileiro de Cerâmica. Disse que haveria a participação de aproximadamente 600 pessoas e que será o maior congresso realizado em Blumenau. [...] Sr. Milton Domingues sugeriu que fosse realizado mais vezes o passeio ciclístico. Sr. Harold Letzow comunicou que o clube 25 de julho irá promover todos os sábados Bailes Típicos. [...] Continuando, Sr. Francisco falou sobre as dificuldades que o Serviço de Turismo encontra em promover a OKTOBERFEST. Disse que é muito difícil fazer uma estrutura para poder realizar o referido evento. Pediu ao Sr. Peter Mojen, gerente da Lufthansa, para fazer uma explanação sobre OKTOBERFEST. Sr. Peter disse o seguinte: OKTOBERFEST começou em Munique. Esta festa deverá ter um Parque de diversões, barracas de cerveja, estandes de tiro a alvo e muita música típica que é a coisa mais importante. Esta festa tem duração de 14 dias. [...] Sr. Antônio E. Pacheco, a pedido do Sr. Dieter Hering, falou sobre as necessidades de se fazer em Blumenau um “Hall” de convenções, [...] estamos pensando em transformar a S.D.M. Carlos Gomes em “Hall” de Convenções, pois o mesmo oferece condições, tem estacionamento próprio, pequeno e grande auditório e salas. Em seguida, falou o Sr. Paulo Henrique Meimberg, convidado especial pelo Serviço de Turismo, para fundar o SKAL Clube. Durante o almoço, o Sr. Paulo fez uma explanação sobre o SKAL Clube;  disse ser um clube de companheirismo, e que só podem participar executivos em turismo. Em seguida, foi indicado o nome da Comissão do SKAL Clube. Para presidente, Américo A. Bueno de Camargo – agente da Panzas -, para tesoureiro, Milton Domingues – gerente do Garden Terrace Hotel -, para secretário, Peter Mojen – agente da Lufthansa. (p.26 a 29).
(Nota do Ed.: hall = centro)
Decreto nº
RENATO DE MELLO VIANNA, Prefeito Municipal de Blumenau,
NOMEAR
Sem ônus para Prefeitura Municipal, os cidadãos abaixo relacionados para comporem a Comissão Municipal de Turismo: Caetano Deeke de Figueredo, Henrique Herwig, Itacir Filander, Milton Macedo Domingues, Emilio Rosmarck Schramm, Arno Buerger Filho, Evelásio Paulo Vieira, Décio Rigotti
Na gestão da Comissão Municipal de Turismo, criou-se o Regimento Interno da .... os esclarecimentos e debates, foi aprovado com a seguinte redação final.
COMISSÃO MUNICIPAL DE TURISMO
REGIMENTO INTERNO
Consagrada como a segunda maior festa alemã do mundo, a Oktoberfest é confraternização de gente de todas as partes. E ela nasceu inspirada na maior festa da cerveja do mundo, a Oktoberfest de Munique, Alemanha, que deu seus primeiros passos em 1810, no casamento do Rei Luis I da Baviera com a Princesa Tereza da Saxônia.
São 17 dias de festa, em que os blumenauenses se integram com visitantes de todo o Brasil e do exterior. E não há quem não se encante com os desfiles, com a participação dos clubes de caça e tiro ou com a apresentação dos grupos folclóricos. A Oktoberfest de Blumenau ostenta um número admirável: em suas edições anteriores, reuniu quase 16,7 milhões de pessoas no Parque Vila Germânica, antiga Proeb. Isto significa que um público superior a 700 mil pessoas, em média, por ano, participou da festa desde a sua criação.
O segredo para este sucesso é simples: a Oktoberfest de Blumenau é um produto que se mantém autêntico, preservando as tradições alemãs trazidas pelos colonizadores desde 1850. E são as belezas desses traços que conquistaram o país inteiro. À noite, é na Proeb/Parque Vila Germânica que todos se encontram e fazem da Oktoberfest um acontecimento incomparável. 


Todas as tradições alemãs afloram na sua máxima expressão, através da música, da dança, dos belos trajes, da refinada culinária típica e do saboroso chope.
A cordialidade do povo, a paz e a beleza da cidade também tornam a festa inesquecível. A maior festa alemã das Américas A Oktoberfest teve sua primeira edição em 1984 e logo demonstrou que seria um evento para entrar na história. 
Em apenas 10 dias de festa, 102 mil pessoas foram ao, então, Pavilhão A da Proeb, número que na ocasião representava mais da metade da população da cidade. O consumo de chope foi de quase um litro por pessoa. No ano seguinte, a festa despertou o interesse de comunidades vizinhas e de outras cidades do país. O evento passou, então, a ser realizado em dois pavilhões. O sucesso da Oktoberfest consolidou-se na terceira edição e tornou-se necessário a construção de mais um pavilhão e a utilização do ginásio de esportes Sebastião da Cruz - o Galegão - para abrigar os turistas vindos de várias partes do Brasil, principalmente da região Sudeste, e também de países vizinhos. O evento acabou fazendo de Blumenau o principal destino turístico de Santa Catarina no mês de outubro. Mas, para quem não sabe, a Oktoberfest não é só cerveja. É folclore, é memória, é tradição. Durante 17 dias de festa os blumenauenses mostram para todo o Brasil a sua riqueza cultural, revelada pelo amor à música, à dança e à gastronomia típicas, que preservam os costumes dos antepassados vindos da Alemanha para formar colônias na região Sul. A cultura germânica o turista confere pela qualidade da festa, dos serviços oferecidos, através de sociedades esportivas, recreativas e culturais, dos clubes de caça e tiro e dos grupos de danças folclóricas. Todos eles dão um colorido especial ao evento, nas apresentações, nos desfiles pelo centro da cidade e nos pavilhões da festa, por onde circulam, animando os turistas e ostentando, orgulhosos, os seus trajes típicos.

É por essa característica que a festa blumenauense, versão consagrada da Oktoberfest de Munique, transformou-se, a partir de 1988, numa promoção que reúne mais de 500 mil pessoas. E foi, também, a partir dela que outras festas surgiram em Santa Catarina, tendo a promoção de Blumenau como carro-chefe, fato que acabou por tornar o território catarinense no caminho preferido dos turistas no mês de outubro.  
História:

A história começou há quase 200 anos na Baviera. 
A Oktoberfest de Blumenau, que em apenas uma década se tornou uma das festas mais populares do Brasil, foi inspirada na festa homônima alemã, que teve origem há 199 anos em Munique. Tudo começou em 12 de outubro de 1810, quando o Rei Luis I, mais tarde Rei da Baviera, casou-se com a Princesa Tereza da Saxônia e para festejar o enlace organizou uma corrida de cavalos. O sucesso foi tanto, que a festa passou a ser realizada todos os anos com a participação do povo da região. Em homenagem à princesa, o local foi batizado com o nome de Gramado de Tereza.
A festa ganhou uma nova dimensão em 1840, quando chegou a Munique o primeiro trem transportando visitantes para o evento. Passaram a serem montadas barracas e promovidas várias atrações. Neste local apareceram também os primeiros fotógrafos alemães, que ali encontraram um excelente ambiente para fazerem suas exposições. A cerveja, proibida desde os primeiros anos, só começaria a ser servida em 1918. Logo depois, os caricaturistas já retratavam a luta pelos copos cheios de cerveja e pela primeira vez pode-se apreciar nas telas dos cinemas a festa das mil atrações.
Por consequência das guerras e pela epidemia de cólera, a Oktoberfest deixou de realizar-se 25 vezes. De 1945 até hoje, aconteceu ininterruptamente. 
Atualmente, a Oktoberfest de Munique recebe anualmente um público de quase 10 milhões de pessoas. O consumo de cerveja chega a sete milhões de litros.
Link da Oktoberfest de 1984 e 1985: 
http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/oktoberfest/2013/fotos/2013/10/fotos-veja-arquivo-da-1-e-2-oktoberfest-em-1984-e-1985.html#F958201
Arquivo/texto /Adalberto Day/José Geraldo Reis Pfau/Niels Deeke

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