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quinta-feira, 10 de maio de 2012

- Orquestra de Câmara de Blumenau


ORQUESTRA DE CÂMARA DE BLUMENAU

Em histórias de nosso cotidiano, apresentamos mais um texto e crônica deFlavio Monteiro de Mattos, contando um pouco de suas lembranças quando vinha do Rio de Janeiro visitar Blumenau, com sua família.
Carioca de nascimento e BLUMENAUENSE POR OPÇÃO".
Diz o antigo ditado que “TODOS OS CAMINHOS LEVAM À ROMA”. No meu caso, a grafia correta seria “TODOS OS CAMINHOS LEVAM À ROMA E OS MELHORES, À BLUMENAU”.

Não bastassem as inúmeras vezes que visitei a cidade e sua gente hospitaleira, quis o destino que essa ligação também se fizesse presente através da minha relação profissional.
E o Movimento Cultural Internacional de Seguros é uma boa prova.

Por mais de sete anos, trabalhei na Cia. Internacional de Seguros, cujo principal acionista, na época, foi o Dr. Celso da Rocha Miranda.

A CIS, como era conhecida na época, operava com grande destaque nos ramos Incêndio, Riscos de Engenharia e Lucros Cessantes, entre outros. Seu foco eram as petroquímicas, indústrias e fábricas. Para tanto, possuía filiais em quase todas as capitais brasileiras e, claro, Blumenau, cujo gerente era o Gílson Luiz Zanini, um grande amigo.

Minha área era o Marketing e acompanhei de perto o nascimento do Movimento Cultural Internacional de Seguros, e a CIS foi a primeira empresa nacional a acreditar no marketing cultural para divulgação de sua imagem institucional, nos anos iniciais da década de 80.
                                                                                                                                       
          Seu “début” aconteceu com o lançamento da “A Era da Incerteza”, do economista inglês John Kenneth Galbraith, cujas teorias foram expressas em livro e em uma série televisiva levada ao ar pela extinta TV Manchete.

  A seguir, o Movimento Cultural Internacional de Seguros patrocinou a série “Os Brasileiros, Retrato Falado de um Povo”, um estudo sócio-antropológico do nosso povo, também pioneiro, de autoria do Professor Roberto da Matta, levado ao ar pela TV Manchete, em 10 capítulos.

O último ato do Movimento Cultural Internacional de Seguros foi o apoio à Orquestra de Câmara de Blumenau que culminou com a produção de um disco, no qual a Orquestra se apresenta sob a condução do maestro Norton Morozowicz, interpretando grandes mestres da música clássica e expoentes nacionais.

Flavio Monteiro de Mattos
 Capa:
Movimento Cultural Internacional de Seguros apresenta ORQUESTRA DE CAMARA DE BLUMENAU
Regência do Maestro NORTON MOROZOWICZ
  
Contra Capa:
 













LADO A
TELEMANN    SUITE D. QUIXOTE (14´15´´)
. Abertura . O despertar de Quixote . Ataque às montanhas de vento
. Suspiros amorosos pela princesa Dulcinéia . Sancho Pança ludibriado
. O galope de Rocinante . O galope do asno de Sancho Pança . O repouso do Quixote
 VIVALDI         CONCERTO PARA 2 VIOLONCELOS
. Allegro (3´57´´) . Largo (3´50´´) . Allegro (3´21´´) . Solistas: Zygmunt Kubala . Maria Alice Brandão

LADO B
ALBERTO NEPOMUCENO               SERENATA 94´08´´)
                                                           ADÁGIO (2´40´´)
HENRIQUE OSWALD                       SERENATA (1´35´´)
BENTO MOSSURUNGA                   MINUETO (4´15´´)
HENRIQUE DE CURITIBA                POEMA SONORO (Evocação das Montanhas) (5´40´´)  
COMPONENTES DA ORQUESTRA DE CAMARA DE BLUMENAU 
VIOLINOS:
Paulo Bosisio (Spala)                         Leopoldo Kohlbach
Walter Hoemer                                   Simone Ritzmann Sawtzky
Lolita Ritzmann de Mello                    Ruth Klassen Jucksch
Roberto Hubner                                 Roseli Weingertner
Rogerio Krieger                                  Ingo Padaratz
Marcos Vinicius Damm                      Gilson Padaratz

VIOLAS:                                          VIOLONCELOS:
George Kiszeli                                    Adriane Ritzmann Sawtzky
Hubert Geier                                      Péricles Gomes
Edna Ritzmann Sawtzky                    Maurício Kowalsky
Marcelo Brandão Mello

CRAVO:                                             CONTRABAIXO:
Helena Jank
Helio Moreira Brandão  
FICHA TÉCNICA 
PRODUÇÃO:
Companhia Internacional de Seguros
DIREÇÃO ARTÍSTICA E SUPERVISÃO:
Norton Morozowick
DIRETOR DE GRAVAÇÃO:
Frank Justo Acker
CORTE:
Ivan Lisnik
LOCAL DA GRAVAÇÃO:
Teatro Carlos Gomes de Blumenau

CAPA:
J. Ferrari Jr.

LAYOUT:
Armando Tavares da Silva

FOTO:
Milton Montenegro 
Fabricado pela Polygram do Brasil Ltda.
Ano 1983

 Encarte / Frente
   
Não existe desenvolvimento sem cultura.
O apoio, o estímulo e a promoção da cultura em todas as suas formas de expressão são fundamentais para que um país possa crescer e se desenvolver.
Porque é através dela que um país amadurece e encontra a sua identidade.
A Companhia Internacional de Seguros não poderia cruzar os braços a isso. Com esse objetivo, criou o Movimento Cultural Internacional de Seguros. Para participar e contribuir para que todas as manifestações culturais tenham espaço que necessitam para enriquecer um país que tem pressa em crescer em todos os sentidos.
E a Orquestra de Câmara de Blumenau é um bom exemplo do que a cultura deste país pode nos dar. Isto poderá ser comprovado através deste disco. Ouça. Voçê vai concordar conosco.

MOVIMENTO CULTURAL INTERNACIONAL DE SEGUROS 
Ilustração da antiga residência do Barão de Mesquita, restaurada pela Cia. Internacional de Seguros para tornar-se sua sede administrativa.
  
Encarte / Verso
 
 A orquestra de Câmara de Blumenau, criada em março de 1981, é integrada exclusivamente por músicos profissionais. Estes, na maioria, residem em Blumenau, constituindo-se de alunos e professores da Escola Superior de Música de Blumenau do Teatro Carlos Gomes, além de convidados de cidades próximas. Mantendo ensaios constantes, a Orquestra de Câmara de Blumenau, nascida numa cidade de médio porte, vem produzindo espetáculos de alto nível artístico, comumente, só encontráveis em grandes centros. Para a viabilização deste projeto, toda a comunidade uniu-se. Indústrias, comércio, órgãos públicos e governamentais, além de pessoas físicas, deram o apoio material necessário para atingir-se os objetivos desejados.

Proporcionando aos alunos da Escola Superior de Música um campo de trabalho até então escasso em cidades como Blumenau, vem por outro lado, atuando como vigoroso elemento galvanizador, animando a vida cultural da cidade e proporcionando aperfeiçoamento integral do corpo da Escola com os artistas convidados. 
Tendo se apresentado pela primeira vez em 13 de dezembro de 1981, quando das atividades do 10º Ano das atividades da Escola, vem desde aquela data, recebendo elogiosas críticas da imprensa especializada pela seriedade do trabalho desenvolvido.

As apresentações sucessivas levadas a efeito em Curitiba e mais recentemente em São Paulo, ao lado do flautista Jean Pierre Rampal, assim como a performance demonstrada durante o 1º Festival de Música de Câmara de Blumenau – fevereiro de 1983 – colocaram este conjunto camerístico no dizer do crítico Enio Squeff, in Folha de São Paulo, “como uma das melhores orquestras de câmara do país.” (junho de 1983).

Aplaudida em Curitiba no Teatro Guaíra, exaltada pela crítica paulistana, admirada pela comunidade catarinense, é a única Orquestra Profissional do país que vive em função de uma comunidade. Uma cidade do interior do Brasil, repleta de fábricas, de indústrias, mas que não esqueceu nem esquece jamais, de que, ao lado do progresso material, o bem estar espiritual é vital para a vida de todos.
Em síntese, esta é a Orquestra de Câmara de Blumenau.
  
AUTORES E OBRAS 
GEORG PHILIP TELEMANN (1681 – 1767). Alemão de nascimento. Telemann foi ao seu tempo, tão ou mais conceituado até, que seus contemporâneos Bach e Haendel. Autodidata, tornou-se em 1721, diretor geral de música em Hamburgo. Sua obra é imensa: 44 paixões, 10 cantatas, óperas e cerca de 600 suítes! DON QUIXOTE foi composto em 1761, quando Telemann contava já 80 anos de idade, e revela em seu singelo descritivismo, um inusitado vigor, aliado a uma contagiante alegria que percorre toda a partitura.

ANTONIO VIVALDI (1678 – 1741). Quase nada se conhece dos primeiros anos do famoso “Padre Ruivo”, o maior mestre barroco italiano. DE 1704 até pouco antes da sua morte, trabalhou no Conservatório “Del Ospedale della Pietá” em Veneza, na qualidade de “maestro di concerti”. Sua produção é de aproximadamente 800 ópus para as mais diversas formações instrumentais. O CONCERTO para dois violoncelos, segue o estilo fugato da “bicinia”, forma musical em moda no século XVI. Vivaldi renova o concerto grosso, ao fazer tocar os dois instrumentos graves, a parte do concertino em estilo igualmente concertante, sem a supremacia nem de um nem de outro instrumento.

ALBERTO NEPOMUCENO (!864 – 1920). Compositor, regente, pianista, organista e pedagogo, este patriarca mor do nosso movimento nacionalista tem, na música brasileira, importância tão relevante quanto Grieg, Pedrell ou Smetana em suas respectivas pátrias. Estudou longos anos na Itália, França e Alemanha sobretudo. A SERENATA para cordas, data de 1902 e foi escrita para o aniversário de seu amigo e poeta, Olavo Bilac. Pertence à fase universalista de Nepomuceno, embora haja nela um certo caráter modinheiro. A expontaneidade da linha melódica é digna de nota: um “achado” a repetição na coda, do tema inicial, exposto em “pp”, com surdina. Já o ADÁGIO, que leva o subtítulo “Erinnerung” (Lembrança), foi escrito em Berlim em 1893, possuindo um cunho acentuadamente romântico filiado à estética brahmsiana.

HENRIQUE OSWALD (1852 – 1931). De origem suíça, Oswald pertence àquele grupo de compositores, Miguez, Braga, Levy e Nepomuceno, que no fim do século passado deram um cunho de maior seriedade à música de nosso país, que só houvera tido dois mestres de escol em sua evolução histórica: Pe. José Maurício e Carlos Gomes. Nascido no Rio de Janeiro, viveu muito na Itália. Artista aristocrático, foi exímio autor camarista e de obras de piano. A SERENATA, retrata bem a tendência estética do compositor. Finura, elegância, métier, envoltos numa harmonização sutil e de extremo bom gosto.

BENTO MOSSORUNGA (1879 – 1970). Paranaense, estudou em seu estado natal e mais tarde no Instituto Nacional de Música do RJ, onde foi aluno de Francisco Braga entre outros. Violonista, pianista, regente e arranjador, era autor de peças ligeiras como a opereta “Florzinha”. Faleceu aos 91 anos em Curitiba. Seu MINUETO em estilo propositadamente arcaico, muito bem escrito para cordas, patenteia um músico de boa formação, dotado de deliciosa inspiração.

HENRIQUE DE CURITIBA (n. 1934). Formou-se na Escola de Música e Belas Artes. De 1954 a 56 aperfeiçoou-se com H. J. Koellreuther na Escola Livre de Música de São Paulo. Em 1960, estudou com Marguerita Kazuro na Escola Superior de Música de Varsóvia, tendo realizado recentemente curso de mestrado em composição na Cornell University e no Ithaca College nos EEUU. É um dos mais promissores talentos da nova geração de músicos brasileiros. O POEMA SONORO (1978) foi inspirado na audição de “Yravi” do equatoriano Gerardo Guevara, aquém é dedicado. Descreve em grandes e harmoniosos blocos de acordes, a beleza das montanhas, daí o seu subtítulo EVOCAÇÃO DAS MONTANHAS. Usando uma linguagem hindemitheana, dentro de uma concepção própria, o compositor consegue efeitos de bela consistência nas várias seções, em divis, nos arcos.

LINKS PARA OUVIR AS MÚSICAS DA ORQUESTRA DE CÂMARA DE BLUMENAU

. SUITE DON QUIXOTE  www.baixa.la/arquivo/5262457

. CONCERTO PARA DOIS VIOLONCELOS  
ALLEGRO                   www.baixa.la/arquivo/5587137
 LARGO                       www.baixa.la/arquivo/2828264
 ALLEGRO                  www.baixa.la/arquivo/8442041

. ALBERTO NEPOMUCENO
  SERENATA                www.baixa.la/arquivo/7955394
  ADÁGIO                     www.baixa.la/arquivo/4667416

. HENRIQUE OSWALD
  SERENATA                www.baixa.la/arquivo/5258205

. BENTO MOSSURUNGA
  MINUETO                   www.baixa.la/arquivo/1795566

. HENRIQUE DE CURITIBA
  POEMA SONORO     www.baixa.la/arquivo/4160502
                       
 Sérgio Alvim Corrêa  

8 comentários:

  1. Jean Sontag ‏
    Adalberto Day e Flavio Ótimo link! Parabéns!! pela postagem

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  2. Boa tarde Adalberto

    Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao amigo por postar esta magnífica matéria que enche todos os blumenauenses de orgulho pela arte que aqui é desenvolvida.
    Em segundo lugar agradecer ao Sr. Flavio Monteiro de Mattos pela matéria que escreveu e pela produção do LP através da CIS.
    Para nós apreciadores da música erudita esta gravação é uma pérola.
    Assisti vários concertos com o maestro Morozowicz e de fato nesta época a orquestra só poderia ter alcançado renome internacional pela qualidade artística que conquistou.
    Portanto, parabéns pela postagem.
    abraço

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  3. Nossa Orquestra de Câmara, dirigida durante muito tempo pelo falecido maestro Telmo Locatelli, já percorreu o mundo levando a sua arte aos exigentes gostos europeus, e sempre aplaudida de pé.. Mais um belo trabalho do nosso amigo Adalberto day, e Flávio carioca e que adora nossa cidade - por quem peço muitas orações para que DEUS lhe conceda força e ânimo para vencer a doença.
    Braz e Anésia

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  4. OI ADALBERTO,
    Desculpe por nao ter respondido aos seus artigos.OBRIGADO pela gentileza em enviar noticias da BOA TERRA.
    Estou aqui na FRANÇA passeando uns 20 dias, para tomar um BANHO DE CULTURA. Arlete e o Kaly , namorado dela, tambem estao aqui.Vamos a : PARIS, ROUEN, HONFLEUR, SAINT MALO, MONT SAINT MICHEL, SEAUMUR, TOURS, BORDEAUX, MEDOC, MONACO, NICE e CANNES. Esta sendo maravilhoso.
    E voce e sua familia, estao bem ? DESEJO TUDO DE BOM PARA VOCES.
    UM ABRAÇAO.
    VITORIO FELSKY

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  5. Olá...
    Adalberto e Flávio...
    Como sempre, muito bom ler matérias bem escritas e cheias de recordações que a todos que fizeram parte destes períodos, certamente traz saudades.
    É o meu caso... fico cheia de saudades e gostosas lembranças.
    E, já que Flávio muito visitou nossa "Bela, e Santa, Catarina" faço um especial convite... volta para nos visitar, todos iremos agradecer.
    Eu, a Miss Criciúma que viajou naquele dia, no mesmo ônibus... nos idos de 1970.
    Grande abraço, Flávio e enorme vontade de te rever.
    L.

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  6. temos - minha família e eu - boas lembranças dos recitais que assistimos quando aí moramos.
    abraço amigo,
    Antunes Severo

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  7. Jean Sontag ‏
    Adalberto Day Obrigado, quando for possível, divulgue mais matérias históricas sobre música blumenauense.

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  8. Flávio,
    Seu artigo está prazeroso de ser lido, especialmente porque sua escrita nos reporta para a época vivida e com beleza.
    Adorei poder ouvir composições tão brilhantes enquanto lia e conhecer um pouco sobre a Orquestra de Câmara de Blumenau e suas regências.
    Isso não é qualquer coisa... Como você disse, a cultura é fundamental para a identidade de cada povo e certas lembranças, como estas que você traz à tona, não poderiam ficar esquecidas, pois situam a importância de Blumenau na produção cultural do país. De certa forma, suas memórias recriam a sua Blumenau.
    Estou gostando muito de conhecer Blumenau através de suas vivências.
    Fico no aguardo dos próximos.
    Parabéns!
    Grande abraço,
    Ignês.

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